Por tanto tempo rabisquei pensamentos em pedaço de papel, panfleto de propaganda, resto de bloco, de trás pra diante no caderno... sempre à procura de uma costura pra todos esses retalhos. Hoje entendo que meu livro é mesmo assim: um não-livro. E percebo que cada trecho está pronto, ainda que trecho, e concluído porque começa no ar e termina no estalo. Porque trechos, retalhos, reticências, miçangas, miudezas... É disso que sou feita. [E começo a achar que 2+2>4.]
terça-feira, 5 de maio de 2009
PFFFFF...
Quero escrever, há dias que quero escrever. Há coisas aqui dentro que precisam do exorcismo da tela branca e das palavras pontuadas, uma a uma, ao som tlec tlec tlec. Mas tudo quanto penso me vai como me veio, tudo tão fugaz... E se não consigo fugir, tampouco consigo escrever. E é isto o que escrevo, para não murchar como balão de festa de ontem.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
...e se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado?
Há algo dentro de mim que quer sair pelos olhos e pela boca, transbordar num choro tranquilo ou num canto infinito, e no entanto não sai. É freado por não sei que medo de ser feliz com o pouco que tenho, com o pouco que me sobrou e que, no entanto, é tão mais que o que sempre tive... Medo de descobrir que a felicidade é simples, cotidiana e corriqueira, feita de pequenos pedaços daquilo que é possível fazer com a vida que a vida nos dá dia após dia, e não aquele ouro impossível que está no inatingível futuro inexistente, sempre no fim do arcoíris, aquele ouro perfeito e etéreo que está sempre fugindo das nossa mãos. E que me ensiaram a perseguir obstinadamente.
O futuro é uma ilusão. Só existe o agora.
A felicidade não é um perfeito estado de graça, em que flutuamos continuamente em vez de andar, com a vida se afigurando numa arbórea, constante, retilínea e perfeita estrada cor-de-rosa – é o que descubro pouco a pouco, pasma e perplexa à medida em que avança minha história. Começo por fim a perceber que a felicidade é uma colcha de retalhos, cheia de detalhes cinzas e insignificantes, pespontos, nós aparentes, trocas de linha no meio da trama; cheia de lágrimas que dão o brilho aos sorrisos que se seguem, continuamente; cheia de dia-a-dia... E por isso é bela, possível e presente.
O futuro é uma abstração.
Não tenho me reconhecido. Não me identifico mais nas minhas ações mais refletidas, nas minhas reações menos destemperadas, no perdão que aprendi a conceder. Me desconheço e aprendo a me re-conhecer, nova e ainda a mesma de sempre, renascida, re-renascida e novamente re-renascida.
Hoje, tenho a mim. Plena, inteira porque feita de retalhos. E começo a achar que o meu todo é mais que a mera soma das minhas partes.
O futuro é uma ilusão. Só existe o agora.
A felicidade não é um perfeito estado de graça, em que flutuamos continuamente em vez de andar, com a vida se afigurando numa arbórea, constante, retilínea e perfeita estrada cor-de-rosa – é o que descubro pouco a pouco, pasma e perplexa à medida em que avança minha história. Começo por fim a perceber que a felicidade é uma colcha de retalhos, cheia de detalhes cinzas e insignificantes, pespontos, nós aparentes, trocas de linha no meio da trama; cheia de lágrimas que dão o brilho aos sorrisos que se seguem, continuamente; cheia de dia-a-dia... E por isso é bela, possível e presente.
O futuro é uma abstração.
Não tenho me reconhecido. Não me identifico mais nas minhas ações mais refletidas, nas minhas reações menos destemperadas, no perdão que aprendi a conceder. Me desconheço e aprendo a me re-conhecer, nova e ainda a mesma de sempre, renascida, re-renascida e novamente re-renascida.
Hoje, tenho a mim. Plena, inteira porque feita de retalhos. E começo a achar que o meu todo é mais que a mera soma das minhas partes.
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