segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

REVISITADA

Nestes dias de descanso, de corpo pesado na cama depois de um dia inteiro de caminhadas, novas formas, olfato e paladar acariciados pelo aveludado do bom café, cores e plantas variadas, riqueza para os olhos, calor ao toque e frescor de cheiros num bom banho de água tépida, águas de gostos e gases tantos vários, eu, que me pensava já liberta, vejo-me como Macbeth visitada por meus fantasmas. Fantasmas daquilo o que matei - não por ambição desenfreada, como ele, mas por necessidade de sobrevivência. Para quebrar os grilhões que me atavam ao círculo de ansiedade, cansaço, cobrança, falta de reconhecimento, raiva, sobrecarga, incompreensão e sobretudo a mais completa ausência de liberdade - de ações, de movimento, de escolha, de fala, de pensamento mesmo, que começava a ficar formatado entre quatro paredes beges e mofadas.

Meus fantasmas têm me visitado em meus sonhos, sistematicamente, há uma semana. Creio que seja uma faxina mental inconsciente que minhas férias estejam promovendo, que os esteja expulsando de seus porões, onde eles se refugiaram há um ano, e agora eles se aproveitam do meu corpo cansado e da minha mente vazia para me assaltar na calada da noite. Sonho com o mesmo tema: estou de novo presa em meu trabalho antigo, com as mesmas pessoas, num malabarismo constante para conciliar a necessidade de dar conta com a vontade de ir embora.

Aff. Espero que as águas cristalinas desta montanha que chora me lavem por fora e por dentro. Definitivamente.