quarta-feira, 15 de abril de 2009

PONTO FINAL

Sim, cruel, pode até ser. Dura. Fria? Espero que sim, na verdade; é algo que levei anos para conquistar. Mas nunca poderei ser acusada de desleal ou injusta. Ainda que eu me roa, ainda que me doa, ainda que me dobre: mantive a lealdade, ainda que não a mim, e este é meu dilema. Se você estivesse no meu lugar, como agiria? Fácil falar, não é? Facílimo falar sem jamais se colocar no lugar do outro. Com os meus óculos de grau, como você veria o mundo? Como você se veria se tivesse meus olhos, meu cérebro, minhas entranhas? Se as lágrimas que contive, abafadas pela injustiça que me foi feita, escorressem por dentro em você, em vez de mim, o que você faria diferente? Seria alguém melhor do que eu sou agora? Sou quem pude ser, faço o que posso a cada momento sem deixar de ser quem me fiz e me faço a duras penas a cada sol, fiel à essência de meus valores, meus dois valores, mais que qualquer outros.

Acho estranho, de fato, acho. Amizades se fazem, se vão, são como vento. Acho estranhíssimo. "Seja o vosso sim, sim; e o vosso não, não". Difícil lidar com esse mundo de hoje, quando um "sim" quer dizer "às vezes"; e um "não", "quem sabe?".

Cansada de só fazer o errado, aos olhos dos outros, toda vez que faço o mais certo possível para que os danos de toods sejam, ao menos, minimizados. Porque não existe escolha sem dano, nessas situações. E quem ficou danado? E quem deveria ficar? O que está errado, afinal: o erro menor entre os que podiam ser escolhidos, de danos menos extensos, já que não há como escapar ileso; ou os olhos dos que me vigiam, e os dedos acusadores dos que me julgam?

E que amigos são esses os que me ouviram só para me contar? São puros e imaculados como os dedos de Deus? É isso, acaso, a lealdade? Vírgula.

Não quero mais viver no meio disso, no meio dessa gente que não se respeita, que não me respeita, que me conta e me espalha no ventilador. Deslealdade. Injustiça. E eu, que tanto me esfolo pensando em não jogar as palavras dos outros no vento... Que recebo? Dedos acusadores, "porque você é isso, porque você é aquilo, não olho na sua cara porque fulaninho disse isso, porque me disseram não-sei-que mas não posso dizer o santo..." Antes pusesse todos no fogo, ardessem e se purificassem na fogueira de suas vaidades humanas, instintos animais. Não quero mais ser conivente com nada disso, visto que um abismo nos separa. Eu vim de algum lugar fora da estratosfera, e de hoje em diante só vou agir de acordo com os meus.

"Felizes aqueles que nada têm, pois nada lhes pode ser tirado nem diminuido".

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