terça-feira, 21 de julho de 2009

WHAT A CLICHÉ...

Tenho pensado em ir embora...

Será que é possível? Como nos filmes, ter uma segunda chance, começar de novo, lá do princípio? Deixar pra trás tudo o que se foi, o que se fez, o que se quis... Deixar pra trás todas as relações utilitárias, os sonhos sufocados, as esperanças esvaídas, os projetos paralisados, como quem lança uma roupa enxovalhada no cesto e tira nova calcinha da gaveta; como quem começa uma folha nova deixar seus rejeitos, seus complexos, seus trejeitos – começar num novo lugar a ser uma pessoa nova? Deixar de ser aquela a quem todos usam e, como nos filmes, passar a ser aquela a que todos almejam, por ser nova? Não só nova naquele lugar, mas porque quando se muda de lugar se passa, de fato, a ser uma nova pessoa... É possível?

E, mais que isso, a verdadeira pergunta, aquela que me angustia no âmago, que está no cerne de todos os medos: será que eu teria força suficiente para tanto, para tal feito? Será uma questão de coragem? Será mera covardia?

E para onde ir? Em qual dos infinitos pontos no googlemaps espera o meu futuro? Por que fui nascer precisamente aqui? Porque fui nascer precisamente aqui, é aqui que preciso ficar? Ou essa imprecisão de meu navegar me é intrínseca, e implica sempre em desbravar mais e mais mares de morros, dentro e fora de mim? Será que depois de um tempo nessa nova coordenada eu ansiaria por novas latitude-longitude, e meu coração-gps me lançaria de novo no caos, me enviaria por um novo itinerário a um novo cais?

Quantos trópicos preciso cruzar dentro de mim para fazer novo meu lugar, para me fazer nova neste mesmo lugar? Quantos graus preciso deslocar, e em que sentido? Que sentido tem ficar? Que sentido tem partir, meu Deus? O que me aguarda depois da próxima curva?

Tudo pra trás, todos pra trás, tudo o que se foi, que se fez, que se quis; tudo o que foi ruim e o que foi bom, como quem tira uma pele por inteiro, exoesqueleto de mágoas, rejeições e mitos; será que dá?

Isso tá horrível, eu sei. Nada inspirada. Apenas precisando gritar, como sempre; mais do mesmo. Nada de novo debaixo do sol.

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