quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

DITADURAS

Hoje, falei. Falei o que precisava. Falei o que queria. Hoje, me fiz ouvida, me fiz vista e considerada. E isto me fez feliz, ao menos por hoje.

Mas, amanhã, o certo é que nada mude. Minhas palavras, quem sabe?, serão arquivadas nos porões – ou da memória, ou do descaso.

O fato é que não me importa mais. Fiz o que me cabia, e isto foi muito. Falar é sempre muito quando se vive numa ditadura. Mas, infelizmente, é pouco quando se vive numa ditadura maquiada de democracia. Nestas, o sublime e sagrado dom (direito?) da expressão serve não como agente de mudança, mas como válvula de escape da tensão acumulada, dos sapos engolidos – ex-pressão. Com a ilusão de que temos voz e vez, voltamos ao conformismo que faz de nós seres omissos, esperando que um dia tudo mude, que tudo mude de repente, que a mudança caia como por encanto em nosso colo.

(29/11/2010)

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