sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

SENSAÇÕES

Trinta e seis graus. À sombra.

O suor, lenta mas continuamente, poreja; primeiro imperceptível; depois formando gotículas, gotas, até que escorrem. O sangue lateja nas têmporas. O rosto afogueado queima, arde em brasa. O cabelo, longo, lhe abafa as costas. Toda ela está quente, como um ferro de passar roupa que esqueceram ligado tempo demais.

Ela gira a torneira e põe os dedos curtos debaixo d'água gelada. Depois a mão. Depois o braço. O ombro. As pernas, o tronco, o rosto, a nuca. A água escorre feito metal pescoço abaixo, cabelo abaixo, corpo abaixo. A respiração presa pelo frio cortante do desligado do chuveiro, o rosto perdendo a cor de fogo, o sangue serenando nas veias, o peito refrescado pela vida líquida e gelada, que desce pelo ventre, pelo sexo, pelas pernas, pelos pés – isso é tudo o que preenche seu cérebro, e ela é só pele. Hortelã. Eternidade.

Nenhum comentário: