Disto ela era feita: de palavras e pausas, de manhãs mornas e madrugadas de julho, de risadas abafadas e lágrimas incontidas.
Escarlate e púrpura.
Ela conduzia sua vida para além do espectro de cores visíveis. Estava disposta a descobrir o que havia abaixo do infravermelho e acima do ultravioleta. E na rodaviva do discodenewton da sua vida, pintava cada momento em matizes fortes, para que não se desgastassem com o passar dos anos, para que não sumissem debaixo de camadas de poeira e demãos de caiação, até que a loucura e a vontade estivessem subjugadas pela velhice, além da possibilidade dos grandes e pequenos feitos.
Por tanto tempo rabisquei pensamentos em pedaço de papel, panfleto de propaganda, resto de bloco, de trás pra diante no caderno... sempre à procura de uma costura pra todos esses retalhos. Hoje entendo que meu livro é mesmo assim: um não-livro. E percebo que cada trecho está pronto, ainda que trecho, e concluído porque começa no ar e termina no estalo. Porque trechos, retalhos, reticências, miçangas, miudezas... É disso que sou feita. [E começo a achar que 2+2>4.]
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário