quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ESPELHO. LÂMINA

Olhou-se no espelho. Estava de calcinha branca e blusa roxa. Usava a maquiagem básica que punha cotidianamente, que acentuava o fundo das bochechas, os olhos grandes e as sobrancelhas arqueadas. Não era feia, pelo contrário: era bem feita de rosto, com traços sofisticados e bem marcados. Não era um rosto comum, tinha algo de antigo. O corpo, ainda que cheio, era distribuído, curvilíneo. Gostava do que via. Pequenos detalhes a agradavam. As unhas curtas, de um púrpura profundo. A pinta sobre o lábio, à direita. O tom delicadamente pálido da pele, em contraste com o rosa morno das maçãs. Era bonita. Sem dúvida, gostava do que via.

Então, por que se sentia assim infeliz?...

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